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This proposal brings the partial results of research on the orientation related to the teaching process of geographic concepts aimed at teachers, highlighted by Eloísa de Carvalho, when she worked at the National Geography Council (CNG), in 1960. Initially, were reinforced the aspects of author life, as well as her professional career. Afterwards, the school procedures of the time were identified, considering teaching methodologies in Geography. The educational practices highlighted by the author at the time involved teaching work in the classroom and in extracurricular activities. In this process, teaching techniques and teaching resources were included as mediating elements of teaching action. The research aimed to understand the orientation on teaching methods in Geography, highlighted by Eloísa, in 1960. The investigation involved the analysis of the text called Notes on Didactics of Geography, written by the author, published in the periodical entitled Bulletin Geographic, with the number 156. To report aspects of the author life and professional activities, letters from the archives of the National Faculty of Philosophy (FNFi), located in the collection of the Center for Research and Documentation of Contemporary History in Brazil (CPDOC), from Foundation Getúlio Vargas (FGV). Graduated from the National Faculty of Philosophy of the University of Brazil, in the Geography and History section, Eloísa de Carvalho took on the position of head of the systematic studies section at the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). The author affinity with teaching Geography accompanied a period of difficulty in obtaining employment in secondary schools, in 1943, after her graduation. Due to this, was observed a problem related to the lack of utilization of graduates from the National Faculty of Philosophy, in Rio de Janeiro. In this sense, as an alternative to this situation, she was offered the suggestion of taking advantage of her services at School Pedro II, in 1944, establishing an attempt to gain access as a teacher at the institution. In its prescriptions, present in the publication, in the 1960s, highlighted the geographical experiences that guaranteed the active process of construction and reconstruction of the object, combined with an interaction between the individuals cognitive skills and the environment. To do this, paid attempt to the students interests, social demands and the process of acquiring knowledge. Sequentially, were indicated examples that provided direct observation of nature and the study of the students immediate reality. These characteristics were considered decisive in the learning process, boosting students reflective activity. Also, through the recommendations, it became possible to expand geographic knowledge in schools, helping to train dynamic students and valuing the teacher-reader. Furthermore, the journey experienced by Eloísa represented the symbol of a woman struggle in teaching life, equipped with technical knowledge, but who faced obstacles at the beginning of her career and certainly gender distinction. Thus, the work reinforced the importance of women, researchers, who among their professional activities, had the opportunity to guide other teachers, through their article.

Esta proposta traz os resultados parciais de pesquisa sobre as orientações relacionadas ao processo de ensino dos conceitos geográficos destinados aos professores, destacadas por Eloísa de Carvalho, quando atuava no Conselho Nacional de Geografia (CNG), em 1960. Inicialmente, foram reforçados os aspectos de vida da autora, assim como a sua trajetória profissional. Após, identificou-se os procedimentos escolares da época, considerando as metodologias de ensino em Geografia. As práticas educacionais apontadas pela autora da época envolviam o trabalho docente na sala de aula e em atividades extracurriculares. Neste processo, estavam incluídos as técnicas de ensino e os recursos didáticos como elementos mediadores da ação docente. A pesquisa teve como objetivo compreender as orientações sobre os métodos de ensino em Geografia, ressaltados pela Eloísa, em 1960. A investigação envolveu a análise do texto denominado Notas de Didática da Geografia, escrito pela autora, publicado no periódico intitulado Boletim Geográfico, com o número 156. Para o relato de aspectos da vida e atuação profissional da autora, verificou-se as cartas dos arquivos da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), localizadas no acervo do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea no Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Formada pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, na seção de Geografia e História, Eloísa de Carvalho assumiu o cargo de chefe da seção de estudos sistemáticos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A afinidade da autora com o ensino de Geografia acompanhou um período de dificuldade para a obtenção de emprego em escolas secundárias, no ano de 1943, após a sua formação. Devido a isso, foi observado o problema relacionado a falta de aproveitamento dos licenciados pela Faculdade Nacional de Filosofia, no Rio de Janeiro. Nesse sentido, como uma alternativa a essa situação, foi oferecida a ela a sugestão de aproveitamento de seus serviços no Colégio Pedro II, no ano de 1944, estabelecendo a tentativa de acesso como professora na instituição. Em suas prescrições, presentes na publicação, na década de 1960, destacou-se as experiências geográficas que garantissem o processo ativo de construção e reconstrução do objeto, aliado a uma interação entre as habilidades cognitivas do indivíduo e o ambiente. Para isso, se atentava aos interesses dos alunos, as exigências sociais e ao processo de aquisição do saber. Sequencialmente, era indicado os exemplos que propiciassem a observação direta sobre a natureza e o estudo da realidade imediata dos estudantes. Essas características eram consideradas determinantes no processo de aprendizagem, impulsionando a atividade reflexiva dos alunos. Também, por meio das recomendações, tornou-se possível a ampliação do conhecimento geográfico nas escolas, auxiliando na formação de alunos dinâmicos e valorizando o professor-leitor. Além disso, o percurso vivenciado por Eloísa representou o símbolo da luta de uma mulher na vida docente, munida de saberes técnicos, mas que enfrentou os obstáculos de início da carreira e certamente a distinção de gênero. Assim, o trabalho reforçou a importância da mulher, pesquisadora, que dentre as suas atividades profissionais, teve a oportunidade de orientar outros professores, por meio de seu artigo.

This research is part of the field of the history of education, of the present time (Ferreiro, 2002), and deals with the biography of a poor black woman who faced adversity in order to get an education and become a teacher. However, she collapsed emotionally in the context of the pandemic caused by the SARS-CoV-2 virus, which required social isolation, the closure of schools, the adoption of emergency remote teaching and the use of Digital Information and Communication Technologies (Fialho; Freire; Sousa, 2022). The study aims to biograph Karla Kamille Costa de Oliveira Fonteles, emphasizing her educational and professional career and the impact caused by the pandemic on her social life. The research adopted the theoretical assumptions of cultural history (Burke, 2005; Barros, 2005), considering the openness of sources provided by the Annales School movement to portray and narrate the life of Karla Fonteles. Methodologically, oral history was selected because it allows us to use oral sources as an investigative epicenter (Alberti, 2013), through free interviews, which were recorded, transcribed and validated, intertwined with documentary sources, personal archives and images. The results of the research show that Karla Fonteles - a black, poor and peripheral woman - lived in a situation of social vulnerability during her childhood when she was sponsored by an American Non-Governmental Organization (NGO) called Compassion, which brought together people from the United States who were well-off to help with the survival and education of underprivileged children. As a result, she was able to study at a philanthropic and religious community school called Bethesda, after which she entered state schools in the outlying Henrique Jorge neighborhood where she lived. When she finished her basic education, her godfather paid for a preparatory course for the university entrance exams at a private school, and for her Pedagogy course at Faculdade Cearense. Karla Fonteles considers herself privileged because she got a higher education while her colleagues did not have the same opportunity, since they did not rely on the charity of foreigners, even though quality, multicultural and situated education should be everyone's right (Adichie, 2019). Currently a permanent teacher in the municipality of Fortaleza, working at the Bergson Gurjão Farias Municipal School, she once again found herself in a vulnerable situation in the context of the Covid-19 pandemic, as she was forced to turn her home into a work environment, take on multitasking, have resources she didn't have to acquire technological resources, which led to previously non-existent health problems, such as anxiety and Burnout Syndrome. This situation, which has claimed thousands of lives, has also led to an increase in social, economic and educational inequalities (Nóvoa; Alvim, 2021), especially for black women (Agência Brasil, 2020), as experienced by the biographer. There is an urgent need to invest in policies that strengthen the valorization of diversity and intersectionality, considering inequalities of race and class (Davis, 2016; Gonzaléz, 1982).

A presente pesquisa se insere no campo da história da educação, do tempo presente (Ferreiro, 2002), e trata da biografia de uma mulher negra e pobre que enfrentou adversidades para conseguir formação educacional e tornar-se professora. Todavia, colapsando emocionalmente no contexto da pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, que exigiu o isolamento social, o fechamento das escolas, a adoção do ensino remoto emergencial e a utilização das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (Fialho; Freire; Sousa, 2022). O estudo tem como objetivo biografar Karla Kamille Costa de Oliveira Fonteles enfatizando seu percurso educacional, profissional e o impacto causado pela pandemia na sua vida social. A pesquisa adotou os pressupostos teóricos da história cultural (Burke, 2005; Barros, 2005), por considerar a abertura de fontes proporcionada pelo movimento da Escola de Annales para retratar e narrar a vida de Karla Fonteles. Metodologicamente, a história oral foi selecionada por permitir utilizar a fonte oral como epicentro investigativo (Alberti, 2013), mediante entrevistas livres, gravadas, transcritas e validadas, no entrecruzamento com fontes documentais, arquivo pessoal e imagéticas. Os resultados da pesquisa apontam que Karla Fonteles - mulher negra, pobre e periférica - vivia em situação de vulnerabilidade social na infância quando foi apadrinhada por uma Organização Não Governamental (ONG) americana, denominada Compassion, que articulava uma pessoa de boas condições financeiras dos Estados Unidos da América, para ajudar na sobrevivência e educação de crianças carentes. Com isso, ela pôde estudar em uma escola comunitária filantrópica e religiosa chamada Betesda, em seguida, ingressando em escolas públicas estaduais do bairro periférico Henrique Jorge, onde morava. Ao finalizar a educação básica, seu padrinho custeou um cursinho preparatório para o vestibular, em escola privada, e o curso de Pedagogia na Faculdade Cearense. Karla Fonteles considera-se privilegiada porque conseguiu educação de nível superior enquanto suas colegas não tiveram a mesma oportunidade, já que não contaram com a caridade de estrangeiros, ainda que a educação de qualidade, multicultural e situada deveria ser direito de todos (Adichie, 2019). Atualmente, professora efetiva do município de Fortaleza, com lotação na Escola Municipal Bergson Gurjão Farias, viu-se novamente em situação de vulnerabilidade no contexto da pandemia de Covid-19 por ser obrigada a transformar sua residência em ambiente de trabalho, assumir multitarefas, dispor de recursos que não possuía para adquirir recursos tecnológicos, o que acarretou problemas de saúde antes não existentes, como a ansiedade e Síndrome de Burnout. Essa conjuntura que ceifou milhares de vidas, também trouxe como consequências o aumento das desigualdades sociais, econômicas e educacionais (Nóvoa; Alvim, 2021), principalmente para as mulheres negras (Agência Brasil, 2020), como vivenciadas pela biografada. Assevera-se a necessidade urgente em investir em políticas que fortaleçam a valorização da diversidade e interseccionalidade considerando as desigualdades de raça e classe (Davis, 2016; Gonzaléz,1982).

This research is the result of a thesis defended in 2023, which is part of the field of the History of Education and deals with the education and professionalization of women, more specifically of a transvestite educator. We started with the following question: what devices did Letícia Carolina Pereira do Nascimento use in her training and professional career to become the first transvestite university professor in the state of Piauí? The aim was to biographize Letícia Carolina Pereira do Nascimento, with an emphasis on her educational and teaching career. The time frame begins in 2007, when Letícia Nascimento, still in the identity of Romário, began to live her sexuality openly, and continues until 2018, when she becomes a professor at the Federal University of Piauí (UFPI). Theoretically, we draw on the historiographical current of Cultural History (Burke, 1992), as this has made it possible to broaden historical sources, as well as favoring the view of life stories, making them an object of study, which has allowed us to draw up a biographical study (Dosse, 2015; Borges, 2015) of Professor Letícia Carolina. We used the Oral History methodology (Alberti, 2005), with free and thematic interviews as the technique for collecting the narratives of seven interviewees - family members, work colleagues and the biographer - interspersed with documentary sources such as photographs, certificates, letters, memorandums, among others. The results show that Letícia Carolina was born in Parnaíba, on the coast of Piauí, where she lived under the care of her maternal grandmother along with her siblings. While still in the Romário Rawlisson identity, she had the opportunity to be educated in private institutions, with elementary school at the Monteiro Lobato School; elementary school and part of high school at Colégio São Luís Gonzaga - Diocesano, and the last years of basic education at Colégio Apoio. Letícia Carolina graduated in Pedagogy in 2011 from UFPI; she completed her master's degree in 2016 and her doctorate in 2023, both in Education, also at UFPI. Letícia Carolina is currently a full professor at UFPI and is known for being a reference in transfeminist studies in Brazil, with her work also published in France and Italy. Letícia Carolina has always had family support in relation to her sexuality and gender identity. However, she has faced countless prejudices and discrimination throughout her student and professional career because of her gender identity and feminist activism as a transvestite woman. In fact, she had recourse to devices such as: support from her family in relation to her sexuality, which is uncommon for most transvestite and transsexual women (Andrade, 2012); access to quality education; and her resilience to face prejudice (Butler, 2002); all of which helped her overcome the barriers of violence and resiliently occupy spaces that are uncommon for transvestite women.

A pesquisa em tela é resultado de uma tese defendida em 2023, que se insere no campo da História da Educação e trata acerca da educação e da profissionalização de mulheres, mais especificamente de uma educadora travesti. Partimos do seguinte questionamento: quais dispositivos Letícia Carolina Pereira do Nascimento recorreu em sua trajetória de formação e atuação profissional para se constituir a primeira travesti professora universitária do estado do Piauí? O objetivo foi biografar a professora Letícia Carolina Pereira do Nascimento com ênfase em sua trajetória formativa e docente. O recorte temporal delimitado inicia-se em 2007, época em que Letícia Nascimento, ainda na identidade de Romário, começou a viver assumidamente sua sexualidade, e vai até 2018, período em que ela se efetiva na Universidade Federal do Piauí (UFPI). Amparamo-nos teoricamente na corrente historiográfica da História Cultural (Burke, 1992), pois esta possibilitou a ampliação das fontes históricas, assim como favoreceu a visão sobre as histórias de vida, tornando-as objeto de estudo, o que nos oportunizou traçar um estudo biográfico (Dosse, 2015; Borges, 2015) da professora Letícia Carolina. Utilizamos a metodologia da História Oral (Alberti, 2005), com entrevistas livres e temáticas como técnica de coleta das narrativas de sete entrevistados - familiares, colegas de trabalho e a biografada-, entrecruzada com fontes documentais, tais como fotografias, certificados, cartas, memorando de lotação, dentre outras. Os resultados apontam que Letícia Carolina nasceu em Parnaíba, litoral do Piauí, onde viveu aos cuidados da avó materna juntamente com seus irmãos. Ainda na identidade Romário Rawlisson, teve a oportunidade de ser escolarizada em instituições particulares, com o ensino primário na Escola Monteiro Lobato; o ensino fundamental e parte do ensino médio no Colégio São Luís Gonzaga – Diocesano, e os últimos anos da educação básica no Colégio Apoio. Letícia Carolina graduou-se em Pedagogia em 2011 na UFPI; concluiu o mestrado em 2016 e o doutorado em 2023, ambos em Educação, também na UFPI. Atualmente, Letícia Carolina é professora efetiva da UFPI e é conhecida por ser uma referência sobre os estudos transfeministas no Brasil, como obra publicada também na França e na Itália. Podemos destacar que Letícia Carolina sempre teve o apoio familiar em relação à sua sexualidade e à sua identidade de gênero, no entanto, enfrentou inúmeros preconceitos e discriminações ao longo de sua trajetória estudantil e profissional por sua identidade de gênero e militância feminista na condição de mulher travesti. Com efeito, ela recorreu a dispositivos, como: o apoio por parte de sua família em relação à sua sexualidade, pouco comum a maioria das mulheres travestis e transexuais (Andrade, 2012); o acesso à educação de qualidade; e a sua capacidade de resiliência para enfrentar os preconceitos (Butler, 2002); os quais contribuíram para que ela superasse as barreiras das violências e de maneira resistente ocupasse espaços pouco comuns às mulheres travestis.

This paper takes gender as a category of historical analysis and analyses the lives and work of women educators who lived and went into exile during the Portuguese Estado Novo, the totalitarian regime headed by Salazar (1926/1933-1974). These women were teachers or educators at a certain stage in their lives, produced professional and political discourses and acted against the regime and in defence of a democratic and free school and society. During the last fifty years of democratic rule in Portugal, these women have been shrouded in silence and invisibility. Today we commemorate their lives and highlight the fundamental role they played against: retrograde Salazarism, censorship of all forms of expression, repression and political police, and against the colonial war. Their actions were in defence of democracy, decolonisation (the Portuguese colonial empire waged war against African liberation movements in the 1960s and 1970s) and the country's development. Salazar's authoritarian regime kept teachers under strict ideological control. The school was seen as the 'sacred workshop of souls' and the role of teachers was to educate girls and young women to be 'good wives, good housewives, good mothers' (fairies of the home). Teachers were trained in schools that were moulded in the image of the mission assigned to them. They had to behave in an exemplary social and moral manner (no clothes, no paintings, no public places, etc.) and their marriage was subject to the approval of the Minister of National Education. Teachers who fought for their own voice were forced into exile, either abroad or within the country. We find the following generations of exiled teachers: - First generation (1930s and 1940s): educators who stayed in the country but were persecuted and went into internal exile in order to continue their existence; this is the case of Irene Lisboa, the most important of the Portuguese educators. In this first generation, we also find foreign Jewish women who arrived in Portugal fleeing from Nazi persecution and travelling to the USA; this is the case of Hannah Arendt; - The second generation (1960s and 1970s): women who left Portugal, persecuted by Salazarism, sometimes accompanying their husbands who were fleeing military service (in Africa, in the colonial war); these are the cases of Helena Cabeçadas, exiled in Brussels, Ana Benavente, in Geneva, and Teresa Rita Lopes, in Paris. These women made a living from unskilled labour, obtained scholarships, graduated from universities, joined the social networks of Portuguese exiles and fought against Salazarism in exile. Exile shatters identities, which are reconstructed and reassembled through the conditions of life. Enriched by multiple experiences, these women returned to Portugal with the Carnation Revolution of 25 April 1974 and played a key role in the consolidation of democracy and the construction of science and public schools.