The Lyceu de Goyaz was established in 1846 in the eponymous Province and inaugurated in 1847. Since its inception, the number of enrolled students represented a group of young Goianos who devoted themselves to the study of Latin, rhetoric, and oratory, disciplines that were part of the curriculum inspired by the French lycée and the Collegio de Pedro II, the latter established in 1837 as a model for secondary education in the provinces. Following the Lyceu de Goyaz's equivalence to Pedro II in 1907, it reaffirmed its status as an important institution in the formation of Goiano youth for entry into public office and higher education. Until 1930, the institution primarily catered to students from traditional families in the state, as evidenced by studies demonstrating the familial origins of its students. After 1930, political changes in the country led to a new perspective on secondary education, aiming to increase enrollment at the Lyceu de Goyaz. The developmental policies of the intervening government made secondary education a place for the training of young people who would continue to occupy prominent positions. In this work, we analyze how the student body of this institution was organized, as there are records of students with surnames from traditional state families, as well as students with surnames that are not from traditional families, black students, orphans, and the poor, demonstrating that the traditional elitism of the institution made room for other social groups. In this regard, we analyze the characteristics of the student body of the Lyceu de Goyaz between 1930 and 1937, based on their personal dossiers archived at the institution. Between 1930 and 1937, the Lyceu had its final years of operation in the City of Goyaz before being transferred to the city of Goiânia, built to be the new capital of the State. Therefore, the temporal scope ends in 1937. The research methodology is documentary, analyzing the dossiers of the institution's students, which are organized in individual folders containing documents such as birth certificates, enrollment requests, health certificates, guardianship declarations for orphaned students, scholarship applications, or declarations of incapacity to pay the required fees, exam reports, among other documents. With such documents, a database was created where we can find information about their social origin, race, age, and gender, which can demonstrate aspects of diversification of the institution's public. These data are analyzed according to the categories that the dossiers themselves allow us to establish: gender, place of birth, age, surname, race, social situation, in accordance with the requirements of the period for students who were paternal orphans, orphans of both parents, students declared poor, scholarship students, among other characteristics. We conclude that between 1930 and 1937, there were students from different social backgrounds, women, people of color, and scholarship students, leading us to affirm that there was diversification in the audience served by the Lyceu de Goyaz during the period under study.

O Lyceu de Goyaz foi criado em 1846 na Província homônima e instalado em 1847. Desde a sua instalação a quantidade de alunos matriculados representou um grupo de jovens goianos, que se dedicavam aos estudos de latim, retórica e oratória, disciplinas que faziam parte do conjunto de matérias inspiradas no lycée francês e no Collegio de Pedro II, esse último criado em 1837 como modelo às províncias em relação ao ensino secundário. Após a equiparação do Lyceu de Goyaz em 1907 ao Pedro II, ele reafirmou a condição de instituição importante na formação da juventude de Goyaz para o ingresso em cargos públicos e no ensino superior. Até 1930 a instituição teve em seu público, estudantes vindos de famílias tradicionais do Estado, conforme estudos que demonstram a origem familiar dos seus alunos. Após 1930 as mudanças políticas do país, proporcionaram uma nova visão sobre o ensino secundário, no sentido de aumentar a quantidade de matrículas no Lyceu de Goyaz. As políticas desenvolvimentistas do governo interventor, fizeram da educação secundária um local de formação dos jovens que continuariam a ocupar posição de destaque. Neste trabalho, analisamos de que forma o grupo de alunos dessa instituição foi organizado, já que se encontram registros de alunos que possuem sobrenomes das famílias tradicionais do estado, mas há alunos com sobrenomes que não são de famílias tradicionais, alunos negros, órfãos, pobres, que demonstram que a elitização tradicional da instituição, abriu espaço para outros grupos sociais. Nesse sentido, analisamos quais as características do público de estudantes do Lyceu de Goyaz entre os anos de 1930 e 1937, a partir dos seus dossiês pessoais, arquivados na instituição. Entre os anos de 1930 e 1937 o Lyceu teve seus últimos anos de funcionamento na Cidade de Goyaz, antes de ser transferido para a cidade de Goiânia, construída para ser a nova capital do Estado, por esse motivo, o recorte temporal se finda em 1937. A metodologia da pesquisa é documental, analisando os dossiês dos alunos da instituição, que estão organizados em pastas individuais, contendo documentos como: cópia de certidão de nascimento, requerimentos de matrícula, atestado de saúde, declaração de tutoria para alunos órfãos, bolsistas ou que se declaravam incapazes de pagar as taxas exigidas na instituição, relatórios de exames, entre outros documentos. Com tais documentos foi montado um bando de dados em que podemos encontrar informações sobre a sua origem social, cor, idade, sexo, que podem nos demonstrar aspectos de diversificação do público da instituição. Esses dados são analisados seguindo as categorias que os próprios dossiês nos possibilitam elencar: sexo, local de nascimento, idade, sobrenome, cor, situação social, de acordo com as exigências do período para alunos que eram órfãos de pai, ou pai e mãe, alunos declaradamente pobres, alunos bolsistas, entre outras características. Concluímos que entre os anos de 1930 e 1937 há alunos de origens sociais diferentes, mulheres, pessoas de cor e alunos bolsistas, o que nos leva à afirmação de que há uma diversificação no público atendido pelo Lyceu de Goyaz no período estudado.

If a dynamic history is recognized by the clues it uncovers, by the questions it asks and the answers it gradually manages to give, it is observed that the history of the end of the millennium began to recognize different concepts in historiographical production, such as the history of intellectuals, cultural mediators and their relationship with institutions. (Rémond, 2003). The history of a school institution is an opportunity to reflect on the way formal schooling developed in a given space and time. It is through school, but not only through it, that a culture of schooling is constituted, aggregates and brings together a group of subjects around a common purpose. Primary schooling in Brazil, especially in Rio Grande do Sul, was structured based on influences from the modern school. At the end of the 19th century, a new form of school was institutionalized, these were colleges and school groups that contributed to implementing graduated education in the country. For Souza (2021), a history of school groups has yet to be written, since the implementation of this type of school did not occur in the same way and at the same time given the country's social and cultural diversity.Vidal (2006) adds that when composing the history of school groups, the combination of different factors, singles out the practices and processes through which school trajectories were defined. The regional aspect as a space of social construction comprises social relations beyond physical space. Thus, when investigating how the graduated school was implemented in conty in an area of ​​our state, it has been indicated that strategies and tactics were necessary, to: a) overcome adversity in physical aspects; b) overcome neglect, lack of policies and investment from the State; c) circumvent ethnic persecution, the use of the language in an immigration region (especially German), overcome ethnic encystment; d) understand how the established school culture approaches and/or distances itself from the modern school. The theoretical support for documentary analysis of the history of school groups has been cultural history, based on Chartier (1990) and the documentary background has already made it possible to map the 14 cityes that make up the region in the Vale dos Sinos region, 8 cityes were mapped and Of the 84 institutions, 11 school groups have already been investigated, in the time frame (1909-1961). As results of the study, we understand that the history of school groups, institutionalization processes and schooling practices are evident, from a cultural perspective, in the initial paths and early stages of operation of the organization of graduated primary education, distancing itself from the format schools (isolated classes), according to Souza (2015) and elementary schools, as emphasized by Grazziotin and Almeida (2016). School groups are perceived by human relations, learning to live with others and in the face of attempts to project on students a relationship with the State, with a national and modern feeling of work, to understand the influence that institutions and the passage through school formal culturally produced in the society of that period.

Se uma história dinâmica é reconhecida pelas pistas que descortina, pelas perguntas que faz e pelas respostas, que aos poucos, consegue dar, observa-se que a história do fim do milênio passou a reconhecer distintos conceitos na produção historiográfica, como a história dos intelectuais, de mediadores culturais e de sua relação com as instituições. (Rémond, 2003). A história de uma instituição escolar é uma possibilidade para refletir sobre o modo como a escolarização formal se desenvolveu em um determinado espaço e tempo. É pela escola, mas não apenas por meio dela que uma cultura de escolarização se constitui, agrega e reúne grupo de sujeitos em torno de um propósito comum. A escolarização primária no Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul se estruturou a partir de influências da escola moderna. No final do século XIX, uma nova forma de escola se institucionaliza, trata-se dos colégios e grupos escolares que contribuíram para implantar o ensino graduado no país. Para Souza (2021), uma história dos grupos escolares ainda está por ser escrita, uma vez que, a implantação desse tipo de escola não ocorreu da mesma forma e ao mesmo tempo diante da diversidade social e cultural do país. Vidal (2006) acrescenta que ao compor a história dos grupos escolares, a combinação de diferentes fatores, singulariza as práticas e os processos pelos quais se definiram os percursos escolares. O aspecto regional como espaço de construção social compreende as relações sociais além do espaço físico. Desse modo, ao investigar como a escola graduada foi implantada em municípios da uma área do nosso estado tem indicado que estratégias e táticas foram necessárias, para: a) vencer adversidade dos aspectos físicos; b) superar o descaso, a falta de políticas e investimento do Estado; c) driblar as perseguições étnicas, o uso da língua em região de imigração (especialmente alemã), superar o enquistamento étnico; d) compreender como a cultura escolar instituída se aproxima e/ou distancia da escola moderna. O aporte teórico para análise documental da história dos grupos escolares tem sido a história cultural, a partir de Chartier (1990) e o fundo documental já possibilitou mapear na região do Vale dos Sinos dos 14 municípios que compõe a região, 8 municípios foram mapeados e das 84 instituições, 11 Grupos escolares já foram investigados, no recorte temporal (1909-1961). Como resultados do estudo, entendemos que a história dos grupos escolares, dos processos de institucionalização e das práticas de escolarização se evidenciam, pelo viés cultural, nos percursos iniciais e nos primeiros tempos de funcionamento da organização do ensino primário graduado, distanciando-se do formato das escolas (aulas isoladas), conforme Souza (2015) e dos Colégios Elementares, como enfatiza Grazziotin e Almeida (2016). Os grupos escolares são percebidos pelas relações humanas, aprendizagem do viver com o outro e diante das tentativas de projetar nos estudantes uma relação com o Estado, com um sentimento nacional e moderno de trabalho, de compreender a influência que as instituições e a passagem pela escola formal produziram culturalmente na sociedade daquele período.